ÁFRICA PRIMITIVA - Arquitectura Tradicional
ÁFRICA PRIMITIVA - Arquitectura Tradicional

<img src="https://img.comunidades.net/his/historicultura/Djenne_great_mud_mosque.jpg" border="0"> A SUL DO SARA, a aquitectura africana foi em tempos, em termos ocidentais, algo sem interesse de maior. Havia a tendência para pensar que até à chegada dos colonos e colonizadores europeus não havia aqui nada mais substancial do que uma variedade de palhotas; e que até mesmo se algumas delas – as das tribos Zulus e dos Ndebeles da África do Sul, por exemplo – eram muito bonitas, não podiam ser classificadas como «arquitectura». O que é certo é que sem recursos aos materiais permanentes de construção nada da primitiva arquitectura africana sobreviveu, muito embora casas bem planeadas tenham sido escavadas na era medieval em El Ghaba, no que foi o antigo reino do Gana e na Cidade de Suaíli de Gedi no Quénia. Se Olharmos para o continente africano em termos de arquitectura moderna e ambientalmente sensível e considerarmos os materiais e os métodos usados na construção dos seus edifícios, chegamos à conclusão de que a África tem muito que ensinar ao ocidente. Apesar da sua escassez, existem ruínas monumentais que podem ser descobertas em África, principalmente o grande recinto fechado da idade do ferro do Grande Zimbabwe, no Zimbabwe (c. 1000-1500 a. C.) – um recinto semelhante a uma fortaleza murada – o palácio de Husuni Kubwa, na Tanzânia (c. 1245). Medindo 150 metros por 75, este palácio costeiro continha, pelo menos, cem divisões. Estas não possuíam janelas e eram construídas em ardósia coralina com trabalho de cantaria aparelhada à volta das portas. Os aposentos reais tinham uma abóbada cilíndrica e eram ornamentados com trabalho decorativo de cantaria. O palácio possuía uma piscina octogonal e estava disposto numa grelha geométrica.

<img src="https://img.comunidades.net/his/historicultura/e255a473fadfcaa4e5927fcdc25ced30.jpg" border="0"> Noutros pontos de África, havia cidades, palácios e fortalezas relativamente grandes, mas uma vez que estes foram basicamente todos construídos em argila, poucos sobreviveram. Uma das últimas, a cidade de Benin – em tempos o centro de um próspero império – foi destruída por um incêndio pouco depois da chegada dos colonizadores britânicos em 1897. Contudo nos lugares onde sobreviveu ou onde foi reconstruída com sucesso, geração após geração, a aquitectura de argila é uma das verdadeiras maravilhas da África primitiva. Apesar de ter sido reconstruída no século passado, a mesquita sankore, em Tumbuctu, e a de Djenné – ambas no Malí – remontam ao início do século XIV. As paredes de argila, constantemente renováveis, cobrem uma estrutura de madeira, apesar de isso ser mais uma espécie de andaime do que algo mais elaborado ou substancial. Assemelham-se a ninhos de Térmites gigantes, em que seus minaretes são como que escavados por dentro. As mesquitas de Bobo Diuolasso no Burkina Faso e do Kong na Costa do Marfim são mais pequenas e, devido a um clima húmido, empregaram botaréus maiores e mais vigamento.

UMA ARQUITECTURA MAIS VERDE

Esta é uma arquitectura indígena ecologicamente sólida, que volta a estar muito na moda no início do século XXI. A história da arquitectura é uma forma de expandir as novas tecnologias e as novas ideias até limites anteriormente impensáveis. E contudo, existem formas de arquitectura como estas impressionantes mesquitas de argila que nos atraem de imediato e nos mostram o quanto pode ser alcançado trabalhando com pouco recursos, com pouco dinheiro e para qualquer pessoa.        

 

De: Jonathan Glancey (História da Arquitectura)

Historicultura 2021